Você sabia que o seu cartão de crédito pode oferecer um tipo de empréstimo automático?
Esse empréstimo, conhecido como crédito rotativo, está disponível para todos os titulares de cartão e é uma das opções de empréstimo mais caras disponíveis.
Se não for utilizado com cuidado, pode se transformar em uma dívida difícil de pagar.
O cartão de crédito é uma ferramenta útil para lidar com emergências ou necessidades imediatas, permitindo adiar ou parcelar o pagamento de compras.
No entanto, ao optar por pagar apenas o valor mínimo da fatura ou parcelar o saldo devedor, você pode se deparar com os custos elevados do crédito rotativo.
A boa notícia é que é possível evitar esses custos com um uso consciente do cartão. Tudo começa com o entendimento de como funciona o crédito rotativo.
Neste texto, você aprenderá sobre o seu funcionamento e muito mais como:
- O Que é o Crédito Rotativo?
- Entendendo o Juros Rotativo e o Parcelamento do Crédito Rotativo
- Por Que é Preciso Tomar Cuidado Com o Crédito Rotativo?
- Como Evitar o Crédito Rotativo?
Continue lendo para saber mais!
Saiba como lutar por seu direito neste guia definitivo, elaborado pelo Dr. Vitor Hugo especialista em Direito Bancário e Direito do Consumidor do escritório Giacaglia Advogados!
- O Que é o Crédito Rotativo?
O crédito rotativo é um tipo de empréstimo pré-aprovado usado para complementar o pagamento da fatura do cartão de crédito.
Funciona da seguinte maneira:
Quando o cliente paga apenas o valor mínimo da fatura ou um valor inferior ao total, a diferença é acrescentada à fatura do mês seguinte, sobre a qual incidem juros.
Embora possa parecer vantajoso, os juros do crédito rotativo estão entre os mais elevados do mercado.
De acordo com dados do Banco Central coletados entre 27 de fevereiro a 04 de março de 2024, essas taxas podem alcançar até 1.089,37% ao ano.
Existem dois tipos de crédito rotativo: regular e não-regular.
O crédito rotativo regular é utilizado quando o cliente paga pelo menos o valor mínimo da fatura, estabelecido pela emissora do cartão de crédito e indicado na própria fatura.
A diferença entre o valor pago e o total da fatura é então adicionada à próxima fatura, sujeita à aplicação de juros.
Já o crédito rotativo não-regular é acionado quando o cliente não paga nem mesmo o valor mínimo da fatura.
Nesse caso, as taxas de juros são ainda mais altas em comparação ao crédito rotativo regular.
Para entender melhor o funcionamento do crédito rotativo, consideremos um exemplo hipotético:
- Imagine que em julho, o cliente recebeu uma fatura do cartão de crédito no valor total de R$ 1.000;
- Na fatura, o pagamento mínimo indicado foi de R$ 200.
No entanto, o cliente optou por pagar R$ 500, valor superior ao mínimo, mas ainda abaixo do total da fatura daquele mês.
- Assim, o saldo devedor de R$ 500 (a diferença entre os R$ 1.000 da fatura e os R$ 500 pagos) será transferido para o crédito rotativo.
Sobre esse saldo devedor, serão aplicados juros de crédito rotativo.
No mês seguinte, em agosto, o valor da fatura será composto da seguinte forma:
- Valor total da fatura original: R$ 1.000;
- Saldo devedor do crédito rotativo: R$ 500;
- Exemplo de taxa de juros do crédito rotativo: 13,43% ao mês (para fins de exemplo);
- Saldo devedor com correção de juros: R$ 567,15 (considerando os juros aplicados sobre os R$ 500);
- Pagamento mínimo indicado na fatura de agosto: R$ 767,15 (R$ 200 + R$ 567,15).
Portanto, o valor final da fatura de agosto seria de R$ 1.567,15, que inclui o saldo devedor anterior acrescido dos juros do crédito rotativo, além do novo saldo de compras realizadas no mês.
- Entendendo o Juros Rotativo e Parcelamento do Crédito Rotativo
Os juros rotativos do cartão de crédito são encargos adicionados ao saldo devedor quando o consumidor não paga o valor total da fatura.
Essas taxas são geralmente proporcionais ao risco percebido de inadimplência por parte do consumidor. Quanto maior o risco, mais elevadas são as taxas de juros aplicadas.
As altas taxas de juros do crédito rotativo decorrem principalmente da alta probabilidade de inadimplência.
As instituições financeiras consideram que o não pagamento integral da fatura indica um risco significativo de não pagamento futuro.
Por essas razões, o crédito rotativo deve ser evitado sempre que possível, ele é aconselhável apenas em situações emergenciais e como uma solução de curto prazo.
Optar por pagar apenas o mínimo da fatura não é uma prática financeiramente saudável.
Mesmo que o saldo restante seja transferido para o mês seguinte, os juros acumulados podem resultar em uma dívida substancialmente maior ao longo do tempo.
A partir de janeiro de 2024, o governo federal estabeleceu um limite máximo para os juros do crédito rotativo, que não pode ultrapassar 100% do valor da dívida original.
Em outras palavras, se você deve R$ 1.000 no cartão de crédito, os juros acumulados nos meses subsequentes não podem elevar essa dívida para além de mais R$ 1.000, totalizando até R$ 2.000.
Para ilustrar, vamos considerar um exemplo com a taxa de juros mensal mais alta reportada pelo Banco Central, que é de 22,92%. Supondo uma dívida inicial de R$ 1.000, após um mês, essa dívida seria de R$ 1.229,20.
Por isso é importante, estar atento para evitar o ciclo vicioso do endividamento, se necessário, considere a opção de parcelamento da fatura como uma forma de escapar desse tipo de dívida e manter o controle financeiro.
Aqui estão as 05 instituições que cobram as taxas de juros rotativos mais baixas e mais altas, com base nos dados de março de 2024 do Banco Central:
Instituições com as taxas mais baixas:
- Banco Andbank: Juros mensais de 1,53% / Juros anuais de 20,03%;
- Banco Stellantis: Juros mensais de 2,58% / Juros anuais de 35,74%;
- Banco Bari: Juros mensais de 3,03% / Juros anuais de 43,14%;
- Banco Senff: Juros mensais de 3,81% / Juros anuais de 56,66%;
- Banco Genial: Juros mensais de 4,27% / Juros anuais de 65,25%.
Instituições com as taxas mais altas:
- Banco Pan: Juros mensais de 20,19% / Juros anuais de 808,79%;
- Banco Afinz: Juros mensais de 21,94% / Juros anuais de 980,31%;
- Banco Tribanco: Juros mensais de 22,04% / Juros anuais de 991,80%;
- Crefisa: Juros mensais de 22,07% / Juros anuais de 994,49%;
- Omni Financeira: Juros mensais de 22,94% / Juros anuais de 1.091,70%.
Quando ocorre atraso no pagamento da fatura ou quando se opta por pagar apenas o valor mínimo, é importante entender como calcular os juros rotativos que serão aplicados.
Para isso, siga os passos abaixo:
- Consulte sua fatura ou o contrato do cartão de crédito para verificar as informações necessárias;
- Descubra qual é o valor mínimo permitido pela operadora do cartão, conforme indicado na fatura;
- Informe-se sobre a taxa de juros aplicável pela instituição financeira. Essa informação geralmente está disponível no contrato ou no site da operadora;
- Subtraia o valor mínimo pago do total da fatura. O resultado será o valor sobre o qual os juros rotativos serão calculados para o próximo período;
- Multiplique esse valor pela taxa de juros informada;
- Adicione o valor do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), que é calculado diariamente e cobrado mensalmente sobre o valor dos juros;
- Some todos esses valores para obter o total que deverá ser pago na próxima fatura.
Entender esse processo pode ajudar a tomar decisões financeiras mais conscientes e evitar o acúmulo de dívidas devido aos altos custos dos juros rotativos do cartão de crédito.
Segundo o Conselho Monetário Nacional (CMN), o crédito rotativo deve ser utilizado somente até o vencimento da próxima fatura.
Caso o cliente não consiga liquidar esse saldo na fatura subsequente, o banco é obrigado a oferecer opções de parcelamento com taxas de juros mais vantajosas do que as aplicadas no crédito rotativo.
Parcelar a fatura significa estabelecer um acordo com a administradora do cartão, indicando que não será possível quitar o saldo devedor atual até a data de vencimento, mas que o pagamento será realizado em prestações ao longo das próximas faturas.
O Banco Central estabelece algumas diretrizes específicas sobre este assunto:
- As taxas de juros aplicadas no parcelamento devem ser inferiores às do crédito rotativo;
- O cliente e a instituição financeira definem juntos a data de vencimento e o número de parcelas a serem pagas;
- O valor de cada parcela é adicionado às faturas subsequentes;
- O Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) também incide sobre o parcelamento;
- As taxas de juros podem variar de acordo com o número de parcelas escolhido.
Além disso, há a possibilidade de o banco oferecer um parcelamento automático da fatura após o período de uso do crédito rotativo.
Contudo, é fundamental verificar se essa opção está prevista no contrato do cartão e compreender todos os termos e condições antes de optar por essa alternativa.
- Por Que é Preciso Tomar Cuidado Com o Crédito Rotativo?
O crédito rotativo do cartão de crédito pode resultar em inadimplência, sendo uma das principais preocupações.
Tanto pagar apenas o valor mínimo da fatura quanto deixar de pagar completamente ou não optar pelo parcelamento podem levar a essa situação.
As taxas de juros do crédito rotativo são conhecidas por serem uma das mais altas do mercado.
Quando o cliente não paga o valor total da fatura, são aplicados juros sobre o saldo devedor, além do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).
É importante destacar que o valor do crédito rotativo e os juros são somados aos gastos realizados e aos parcelamentos já existentes na fatura. Isso pode resultar em um montante superior à capacidade de pagamento do cliente.
Por isso, é essencial realizar um planejamento financeiro adequado, evitando fazer compras parceladas que não cabem no orçamento e garantindo o pagamento integral da fatura.
O crédito rotativo deve ser utilizado apenas em situações emergenciais, quando não há outra alternativa viável.
Se não for possível quitar o valor total da fatura até a data de vencimento, é recomendável pagar o máximo possível para reduzir o saldo devedor.
Quanto menor o saldo devedor, menores serão os juros a serem pagos na próxima fatura do cartão.
Além disso, é fundamental saber que existem outras opções de crédito com taxas mais vantajosas em comparação ao crédito rotativo.
O parcelamento da fatura é uma dessas alternativas, pois os bancos são obrigados pelo Banco Central a aplicar taxas de juros inferiores às do crédito rotativo.
Além disso, as parcelas têm valor fixo, o que facilita o planejamento financeiro, permitindo ao cliente saber exatamente quanto pagará mensalmente.
- Como Evitar o Crédito Rotativo?
Existem alternativas de crédito mais vantajosas e igualmente acessíveis em comparação ao crédito rotativo.
Com essas opções, mesmo que haja um impacto no seu orçamento, é possível reduzir os riscos de endividamento e inadimplência.
Separamos a seguir, algumas dicas essenciais para evitar o crédito rotativo:
- Consulte e compare as taxas de juros do crédito rotativo com as opções de parcelamento oferecidas pela administradora do cartão de crédito;
- Analise todas as opções disponíveis para encontrar a mais vantajosa para a sua situação financeira;
- Mantenha um controle financeiro rigoroso, gerenciando seus gastos e receitas. Isso permitirá que você planeje o pagamento da sua fatura de acordo com a sua capacidade financeira;
- Sempre priorize o pagamento integral da fatura do cartão de crédito para evitar os altos juros do crédito rotativo;
- Em caso de dificuldades financeiras, procure pagar o máximo possível da fatura para evitar que ela entre em atraso total;
- Utilize o cartão de crédito de acordo com seu planejamento financeiro pessoal, evitando compras impulsivas ou que comprometam sua capacidade de pagamento;
- Prefira realizar compras à vista utilizando o cartão de débito, por exemplo, em vez de optar pelo parcelamento no cartão de crédito.
Seguindo essas orientações, você poderá usar o seu cartão de crédito de forma mais consciente, reduzindo os riscos de se envolver em dívidas elevadas decorrentes do crédito rotativo.
O crédito rotativo deve ser utilizado apenas em situações emergenciais e se houver certeza de poder quitar o valor total da fatura no próximo mês.
No entanto, se isso não for viável, é importante conhecer outras opções de crédito com condições mais favoráveis que podem ajudar a pagar a fatura e até mesmo outras dívidas.
Veja as principais:
- Empréstimo pessoal
Antes de recorrer ao crédito rotativo, considere a possibilidade de obter um empréstimo pessoal.
As taxas de juros podem chegar a 20,86% ao mês (871,83% ao ano), conforme relatório do Banco Central.
Embora as taxas de empréstimo pessoal nem sempre sejam as mais baixas, geralmente são inferiores às do crédito rotativo.
É recomendável comparar as opções disponíveis para escolher aquela que melhor se adapta à sua situação financeira.
Antes de contratar, é essencial avaliar as taxas de juros e as condições oferecidas. Verifique também o Custo Efetivo Total (CET) do empréstimo para garantir que as condições sejam realmente melhores do que as do crédito rotativo antes de prosseguir com a contratação.
- Empréstimo com garantia
Esta modalidade oferece algumas das condições mais favoráveis do mercado. Para obter um empréstimo com garantia, é necessário oferecer um bem como garantia, como um imóvel ou um veículo.
Devido à segurança proporcionada pela garantia, as instituições financeiras costumam oferecer taxas de juros mais baixas e prazos mais longos para pagamento.
Na CashMe, por exemplo, é possível solicitar um empréstimo com garantia de imóvel de até 60% do valor do seu imóvel e pagar em até 240 meses.
- Microcréditos
Embora as taxas de juros nesta modalidade sejam geralmente mais altas, os microcréditos são uma opção acessível para quem tem score de crédito baixo ou está com restrições no nome.
Normalmente, empresas oferecem empréstimos de até R$ 3.500 para quem opta por essa linha de crédito.
É possível utilizar este tipo de crédito para pagar contas de serviços básicos, como energia elétrica, ou até mesmo oferecer um celular como garantia em caso de inadimplência, onde o aparelho pode ser bloqueado pelo credor.
Antes de contratar qualquer uma dessas opções, é crucial analisar o Custo Efetivo Total (CET) do empréstimo.
Este indicador permite conhecer todos os custos envolvidos na operação, incluindo tributos e tarifas, proporcionando uma visão clara do valor final a ser pago.
Para garantir que suas escolhas sejam as mais adequadas às suas necessidades e evitar problemas futuros, é recomendável contar com o auxílio de um advogado especializado em direito do consumidor e bancário.
Um profissional qualificado pode oferecer orientações valiosas e assegurar que você esteja bem-informado sobre os seus direitos e deveres em transações financeiras.
Se você ainda tiver dúvidas sobre os casos de cartão de crédito e juros rotativos, a nossa equipe do escritório Giacaglia – Advocacia Especializada em Direito Bancário e Direito do Consumidor está à disposição para prestar esclarecimentos e oferecer assistência jurídica especializada ao seu caso.